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3 de out. de 2015

Motivação para a destruição de ícones

Iconoclastia, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 03-10-2015.
Iconoclastia, criado em 03-10-2015.

Iconofilia
sentimento que promove a construção de imagens como protótipos referenciais ou adoração.
Iconoclastia
a arte de desconstruir ou destruir imagens iconográficas ou reputações.

Durante séculos, nossos ancestrais produziram ícones, imagens com representações físicas de conceitos ou sentimentos de uma pessoa ou grupo. Esses elementos de coesão social foram deificados e adorados. Seu imenso número revelava a diversidade de pensamentos e referenciava um determinado povo.

Com a ascensão do cristianismo e a política romana de aproximação deste com judaísmo visando maior controle social no Império, houve certa redução no uso de imagens. Só que o imperador bizantino Leão III iniciou o processo visando a imposição de um modo único de cultuar com a destruição irrestrita de mosaicos, afrescos, estátuas de santos, pinturas, ornamentos nos altares de igrejas, livros com gravuras e inumeráveis obras de arte. Só no Segundo Concílio de Niceia, os iconoclastas foram excomungados.

O entendimento dessa forma de atuação pode ser ampliado. É que o processo pode ser associado a uma produção social de desconstrução de figuras representativas, heróis, modelos. A nova iconoclastia* tem que processos que visam:
  • desfazer os referenciais impostos durante períodos político militar ditatoriais;
  • a desvalorização de uma empresa objetivando ter controle financeiro ou compra a preço reduzido;
  • o desgaste com objetivos político eleitorais;
  • gerar um repúdio a grupos minoritários;
  • criar condições de adoção de práticas anteriormente inaceitáveis.
Atualmente, em diversos lugares do mundo esse novo nível de ação se repete, na proporção da expansão do fundamentalismo. Ataques a elementos iconográficos de valor histórico inestimável se sucedem, motivados por intolerância. São catedrais, museus e tudo o mais que carregue um diferencial em relação ao modo que se quer determinar como o correto.

Há um diferencial importante entre propagar uma ideia, defendê-la, buscar adesões e agir contra quem pensa diferente. Religiões sempre buscaram neófitos via pregação de seus princípios. Quando isso é feito respeitando a vontade de pessoas que não pensam da mesma forma e não adotam seu modo de pensar, é gerado um ambiente harmonioso e inclusive propício para mudanças de pensamento e práticas. Quando a imposição toma a frente, nada de bom ocorre. Quem não aprende com a História e suas lições, incorre nos mesmos erros — ou acerto, segundo os armamentistas — que aqueles que há milênios geram guerras e mortes sobre a face da terra.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 03 de outubro de 2015.

* Quando um povo não é estimulado a desenvolver um pensamento crítico, seja por falta de estímulos educacionais ou por imposição de regimes autoritários, geralmente ocorre um processo de apropriação sociocultural. Nele, a desconstrução de valores locais é prioridade, do contrário, haverá resistência aos novos modos de pensar e agir que se quer implantar.
O Brasil vive um momento sui generis em sua história, forças de direita e esquerda num embate ferrenho tentam defender e propagar seus ideais e valores. A grande questão que se apresenta é que a mídia hegemônica no país tem seu lado e se posiciona diferenciadamente em relação aos fatos:
— encobrimento, silêncio, criação de elementos de distração quando lhe convém, isto é, quando os problemas são relacionados aos seus aliados.
— estardalhaço, manipulação da verdade, ampliação indevida do problema, quando se relaciona aos adversários.
Esse procedimento, vindo de veículos informativos importantes desqualifica a imprensa nacional e implica na necessidade de um estatuto que democratize as comunicações e impeça esse domínio por parte de apenas seis famílias.

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