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10 de jan. de 2015

Remendos soldados

Remendos criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 10-01-2015
Remendos, criado em 10-01-2015.

Será que é assim que termina, pensei, será que tudo o que um Mestre diz
não passa de um amontoado de palavras bonitas que não o podem salvar do primeiro ataque de um cão raivoso?

(Richard Bach — Ilusões. As aventuras de um Messias Indeciso)


Um dia tive a coragem de me contradizer algumas das crenças mais protegidas, a da inteireza. O que torna alguém pleno não consegue torná-lo inteiro, como peças complementares todas se encaixando. Somos um mosaico com várias reentrâncias, inclusive algumas arestas que machucam os que tentam uma aproximação indesejada. Para ser um pouco mais direto, somos apenas remendos.

Talvez por conta dessa minha ousadia, pude perceber que geramos pequenos bolsões de ordem, algumas áreas estruturadas como as redes de descanso onde nos permitimos o tempo de [re]composição. Nelas nos tornamos reclusos, nos permitimos as viagens de coração e de alma, incontáveis para quem quer que seja. Lá temos que ficar desnudos e, talvez, lá é que alcancemos a percepção das aglutinações, das possibilidades de reunir os pedaços que foram absorvidos nos encontros e desencontros da caminhada.

Entendi que o preço de iluminar um pouco mais determinada parte é fazer alguma outra empalidecer. Como focos de canhões de luz, nossa energia é direcionada em feixes para acomodar a necessidade mais imediata, aquilo de que precisamos em um exato momento. O que convencionamos ser a realidade nos toma e nos absorve, quase que completamente*.

A partir desse voo, reuni alguns dos aprendizados anteriores e resolvi aceitar algo que posso com certeza afirmar ser meu maior desafio: criar as condições de iluminar plenamente cada pedaço reunido e gerar uma solda que os reúna numa singularidade, simultaneamente. Pode parecer algo absurdo, um tipo de alucinação ou fábula, mas, se acontecer de conseguir, quem sabe até aonde conseguirei ir?

Esse é o meu voo, qual é o seu?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 10 de janeiro de 2015.

* Todo o cotidiano nos embaça a visão quando nos faz acreditar na rotina e na repetição e não na transformação.

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