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10 de jan. de 2013

Germano ou o germinar de uma amizade

Germano Sá-Britto, Capão da Canoa em 31/08/2012
Germano Sá-Britto, Capão da Canoa em 31/08/2012


porque o tempo de uma vida não basta para se viver uma amizade.
Amigos são amigos para sempre.*

Coisas passíveis de transformação, aos poucos podem ir ganhando um status de permanentes e o tempo perde a capacidade de corroer, o caso da amizade.

Vamos, primeiramente, esclarecer um pouco a questão: sonhei que escrevia para ele. Seria algo pleno para mim, até sonhar novamente. Se repetiu-se, é que algo ainda não foi resolvido, adequadamente.

Sei que é um pouco inconveniente isso de se começar dando explicações. É como querer se justificar por fazer algo que se quer. Algumas vezes utilizei esse recurso, talvez pela falta de confiança em mim mesmo. Mas não é esse o caso, agora.

Esse gaúcho, na foto, de sotaque e práticas desconexas é um menino-homem historiador. E, desse modo, construiu a sua história comigo: trocando histórias de vidas.

Ao fim de minha jornada de trabalho, que coincidia com término de suas aulas, ficávamos nas redondezas da UFF matando a fome, a sede, e a vontade de prosear. Pizzas marcaram nossos encontros, assim como, em algumas ocasiões, cervejas. Porém, mais importantes foram as análises de pensamentos, de projetos e de práticas da vida. Essa convivência, por fim, tatuou minha alma de forma indelével.

Ao terminar a sua graduação, questões de busca de melhores oportunidades profissionais que as do Rio, projetaram a sua ida para São Paulo. Claro, precedida de alguns encontros muito interessantes, inclusive pela dificuldade relativa aos ônibus nas madrugadas (apelidados de sereno). Valia a pena.

Dificuldades iniciais marcaram sua chegada ao outro estado. E, durante um longo período, um certo silêncio marcou nosso espaço. Mas os recursos virtuais começaram a proporcionar uma certa reaproximação. E, com isso, outras histórias alcançaram meus olhos e ouvidos e trouxeram um pouco de alegria à minha saudade.

Na vez passada, as coisas estavam mais bem organizadas, seus projetos com mais certezas que dúvidas e me pareceu que suas vivências paulistanas estavam refletindo nos seus atos mais segurança. Como sempre, mais um bom encontro.

Mas o garoto que havia nele tinha uma questão ainda a resolver e precisava de uma participação minha. E, até hoje fico a pensar na escolha que fiz. Talvez, a preocupação de não construir nenhum obstáculo ao nosso espaço ou o medo de uma mudança nos nossos costumes - sei lá o quanto mais pesou na resposta - pode ter criado algum obstáculo para o fluxo contínuo de nossa alma: uma certa falta de coincidência de práticas históricas e atuais comportamentos parece ter retirado um pouco da nossa simultaneidade.

Certamente, não foi um prejuízo que se possa considerar grande, mas parece que algo se transformou.

E, quando tento explicar de uma maneira racional, me digo que estranhei aquele meu guri, por conta de sua transformação em um homem bem resolvido. Mesmo sendo um motivo de felicidade para mim, parece que não ocorreu a sincronia entre aprendizados na alma e na razão. E, por conseguinte, foi preciso algum tempo para que ocorresse a integração entre eles.

Hoje, sei que nossa vivência criou algo que não pode ser apagado ou extinguido. Por isso, aguardo seu retorno para que, juntos, possamos reacender os momentos onde pensamentos e práticas seguiam concomitantes, pois, isso sim, bastaria para deixar 'a mente quieta, [quiçá] a espinha ereta e o coração tranquilo'**.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 10 de janeiro de 2013.

* Trecho de Friends, música de Michael W. Smith.

** Trecho de coração tranquilo, incluída em Serra do Luar, ambas de autoria de Walter Franco e interpretadas por Leila Pinheiro.

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