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12 de jul. de 2009

Dúvidas e crenças

Raio de Esperança, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 12/07/2008.
Raio de Esperança, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 12/07/2008

"Vença a sua auto-piedade agora mesmo. Vença a ideia de que está ferido e o que permanece para você como resíduo irredutível?
O que permanecia como resíduo irredutível era o sentimento de que tinha dado meu presente final para ambas. Não com a intenção de recomeçar nada, nem de ferir ninguém, incluindo eu mesmo, mas no verdadeiro espírito do que dom Juan tinha tentando me mostrar - no espírito do guerreiro-viajante, cuja única virtude, dissera ele, era manter viva a memória de tudo que o afetara, e a única maneira de dizer obrigado e adeus era através desse ato de magia: guardar em silêncio tudo aquilo que amara."
(Carlos Castaneda - O lado ativo do infinito)

Bem, agora que eu decidi, acho que devo seguir adiante nessa proposta de falar sobre dúvidas e crenças. Não de religiosidades, apenas dessas pequenas e grandes dúvidas que nos pegam, desprevenidos ou não, no dia a dia, principalmente em relação aos conhecidos.

Para alguém que estava atento ao texto e ficou em dúvida sobre o porque de não fazer de certezas a oposição às dúvidas, explico que não acredito em certezas absolutas com relação às questões diárias.

Quando o tempo está mais ou menos temos que apenas decidir o modo como vamos nos vestir, se levaremos proteção (guarda-chuvas, sombrinhas, impermeáveis, etc.) e o fazemos em uma opinião ou crença pessoal sobre o mais provável de ser o melhor.

Acontece algumas vezes de o tempo apresentar-se claramente e exigir escolhas mais definidas, ainda que não definitivas.

As pessoas que conhecemos, por analogia ao modo do tempo, tomam decisões e agem ora com uma clareza tranquila ou atordoante (a verdade pode agredir também, sabia?, é como um dia ensolarado demais que exige óculos escuros) ora com uma nebulosidade embaraçadora. Nesta última forma, acredito que nem sempre por falsidade ou por maldade: alguns são um pouco protetores de si mesmos e não querem muita exposição. E junto da cortina de fumaça que criam ao seu redor nos provocam as dúvidas sobre quem são realmente.

Entre as crenças comuns, há a de que são melhores aqueles que se expõem facilmente. Talvez seja assim. E, talvez, sejam apenas as nossas inseguranças que nos levam a acreditar desse modo.

Mas eu também avalio uma forma de entender as nebulosidades dos comportamentos como transformações de cada um. Mudanças acontecem em todos, todos os dias, e - quem sabe você está de acordo comigo - por conta delas não dá pra estarmos seguros de tudo, todo o tempo. E não sendo seguros dentro de nós mesmos, como seremos exteriormente?

Isso justifica parcialmente um monte de atitude daqueles que estão ao nosso redor, você não acha?

Bem, nem tanto, certo? Pois aí é que eu alcanço a questão que me levou a utilizar esse blog para compartilhar e discutir com outros seres pensantes a esse respeito.

No caso da omissão voluntária que comecei a esboçar no texto anterior (Eu me acostumei… - http://bigwzh.blogspot.com/2009/06/eu-me-acostumei.html), eu consigo ver a possibilidade de uma ação bondosa. Exemplifico isso lhe indicando pensar numa pessoa que não dá uma notícia negativa a alguém enfermo ou em idade bem avançada por conta da preocupação com sua reação e dos problemas que podem advir delas. A outra possibilidade é a do engano premeditado. Para este caso, pense em alguém que não conta sobre seu casamento para não perder um outro relacionamento. A bem da verdade, são omissões, mas se distinguem amplamente.

Há muitas questões éticas e/ou morais entrelaçadas e fica uma possível crença de que ambas as ações podem ter seu fundo de bondade mas, no segundo caso, de tão nebulosa a ação remete muito mais para o campo da dúvida. Mas quem garante?

Será que nossa avaliação é em função de nossa inclusão na questão? Será que é pertinente pensar que a relatividade das avaliações gira em torno de o quanto nos interessa a questão?

De novo, aparece a questão da crença e, por via das dúvidas, penso bem e acho que devo continuar essa reflexão em outro momento, pois estou envolvido demais para ser um avaliador.

Ainda assim, assinalo minha indignação por qualquer ação que não meça o nível de agressão que causará. Não que seja possível cuidar de todas as variáveis, mas, quando é algo mais objetivo, sempre parece uma espécie de canalhice ou covardia a omissão. E, para esse caso, o melhor para mim é a distância e a fé de que - na grande maioria das vezes - melhor sozinho do que mal acompanhado.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 12 de julho de 2009.

* Raio de Esperança é a continuação do trabalho que fiz 'desfazendo-se no redemoinho'.

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