Mas cada homem não é apenas ele mesmo; é também um ponto único, singularíssimo, sempre importante e peculiar,
no qual os fenômenos do mundo se cruzam daquela forma uma só vez e nunca mais.
(Hermann Hesse — Demian p.7)
no qual os fenômenos do mundo se cruzam daquela forma uma só vez e nunca mais.
(Hermann Hesse — Demian p.7)
Eu já morri muitas vezes em minha vida.
Pequenas mortes causadas por perdas incomensuráveis, porque perdas de amor e porque há muitas formas de se amar.
No lugar dos pedaços que foram arrancados da minha alma, a vida encarregou-se de ir construindo uma espécie de tampão para que o que restou não se esvaísse completamente.
Cada um desses pedaços tem um nome, uma história e foi um mundo que evadiu-se no universo. Algo que traduz um encontro inesquecível.
Dentre as formas de morrer, descobri uma que acentuava todos os aspectos da dor: um amor que se encontra com a morte repentina. Não há como chamar de despedida brusca, nem usar de pleonasmos para não ser cruel com outros, que também ficam e sofrem. Um cristal que se parte é impossível de ser recomposto.
Algumas vezes tive a sorte de ter sido usado pelas palavras de conforto. De algum modo, engoli a minha dor, acolhi a dor de um outro e lhe dei aconchego. Me ensinando ocupar um outro lado? Quem sabe? O lugar não importa quando o sofrimento o abraça.
Difícil é o descobrir que nenhum amor morre. A cicatriz que fica comprova mais que suficientemente que sua potência constitui, também, sua perpetuação em quem ousou acatá-lo e agasalhá-lo no coração.
Uma grande lição do abrir mão é saber que mesmo despedaçados seguimos em frente, constituímos uma nova forma de caminhar, estabelecemos um novo mundo — com todas as brechas e rombos e buracos negros que se configuraram, à despeito de nossa força desejante.
Todos os anos, uma hora ou outra, esta sensação estranha me toma e, como um vácuo, me engole. Fico cercado de memórias tristes, alheio a tudo o que é belo. O vazio, já me dizia a História sem fim, quando a gente permite, tira o que nos torna o que quer que sejamos.
Mais uma vez, vou apelar para a estratégia de trazer à memoria momentos de uma intimidade maravilhosa de um beijo, abraço, riso ou frase que se perpetuou. Vou insistir até que a presença se sobreponha a ausência. Uma técnica que aprendi a chamar de reacender a potência do encontro. Revivenciá-lo* e me deixar tomar pelo que senti naquele momento.
São muitos os brilhos nos olhares, os sorrisos mais do que marotos ou gentis eternizados em mim. Assim, antes que a morte desse atual corpo se estabeleça, vou reafirmando a Vida, essa com v maiúsculo que se intensifica em cada contato que estabeleço.
Que tal escutar aquela música e se deixar levar, sem compromisso com o tempo, até que esse momento de saudosismo sofrido se sacie e deixe a vida prosseguir?
Não se iluda, dor também é parte integrante do que chamamos mundo, partidas e despedidas também. Não importa o que se desfez — o encontro, o relacionamento, a vida de alguém — tudo é reabsorvido de um modo ou de outro no mundo físico, emocional ou espiritual. Cabe a você escolher o que fazer, enquanto tiver o poder de decidir.
Só não esqueça de carregar consigo e bem guardado o amor que um dia você recebeu e cuidou.
Pequenas mortes causadas por perdas incomensuráveis, porque perdas de amor e porque há muitas formas de se amar.
No lugar dos pedaços que foram arrancados da minha alma, a vida encarregou-se de ir construindo uma espécie de tampão para que o que restou não se esvaísse completamente.
Cada um desses pedaços tem um nome, uma história e foi um mundo que evadiu-se no universo. Algo que traduz um encontro inesquecível.
Dentre as formas de morrer, descobri uma que acentuava todos os aspectos da dor: um amor que se encontra com a morte repentina. Não há como chamar de despedida brusca, nem usar de pleonasmos para não ser cruel com outros, que também ficam e sofrem. Um cristal que se parte é impossível de ser recomposto.
Algumas vezes tive a sorte de ter sido usado pelas palavras de conforto. De algum modo, engoli a minha dor, acolhi a dor de um outro e lhe dei aconchego. Me ensinando ocupar um outro lado? Quem sabe? O lugar não importa quando o sofrimento o abraça.
Difícil é o descobrir que nenhum amor morre. A cicatriz que fica comprova mais que suficientemente que sua potência constitui, também, sua perpetuação em quem ousou acatá-lo e agasalhá-lo no coração.
Uma grande lição do abrir mão é saber que mesmo despedaçados seguimos em frente, constituímos uma nova forma de caminhar, estabelecemos um novo mundo — com todas as brechas e rombos e buracos negros que se configuraram, à despeito de nossa força desejante.
Todos os anos, uma hora ou outra, esta sensação estranha me toma e, como um vácuo, me engole. Fico cercado de memórias tristes, alheio a tudo o que é belo. O vazio, já me dizia a História sem fim, quando a gente permite, tira o que nos torna o que quer que sejamos.
Mais uma vez, vou apelar para a estratégia de trazer à memoria momentos de uma intimidade maravilhosa de um beijo, abraço, riso ou frase que se perpetuou. Vou insistir até que a presença se sobreponha a ausência. Uma técnica que aprendi a chamar de reacender a potência do encontro. Revivenciá-lo* e me deixar tomar pelo que senti naquele momento.
São muitos os brilhos nos olhares, os sorrisos mais do que marotos ou gentis eternizados em mim. Assim, antes que a morte desse atual corpo se estabeleça, vou reafirmando a Vida, essa com v maiúsculo que se intensifica em cada contato que estabeleço.
Que tal escutar aquela música e se deixar levar, sem compromisso com o tempo, até que esse momento de saudosismo sofrido se sacie e deixe a vida prosseguir?
Não se iluda, dor também é parte integrante do que chamamos mundo, partidas e despedidas também. Não importa o que se desfez — o encontro, o relacionamento, a vida de alguém — tudo é reabsorvido de um modo ou de outro no mundo físico, emocional ou espiritual. Cabe a você escolher o que fazer, enquanto tiver o poder de decidir.
Só não esqueça de carregar consigo e bem guardado o amor que um dia você recebeu e cuidou.
Wellington de Oliveira Teixeira, em 06 de dezembro de 2014.
* Nos ensinamentos de Dom Juan, há um conceito de não estar preso a uma história de vida. Para liberar-se dela, sem perder o que foi importante, é preciso uma rememoração de tal intensidade que permitiria reviver a potência de um determinado momento e registrá-lo em si mesmo. A partir de então, bastaria retornar a esse ponto de energia para se reabastecer.
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