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26 de dez. de 2014

Dia feliz

Dia feliz  criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 25-12-2014.
Dia feliz*, criado em 25-12-2014.

Left alone with just a memory, life seems dead and quite, quite unreal
All that's left is loneliness, there's nothing left for me to feel

(You Don't Have To Say You Love Me — The Floaters)


A véspera do natal é uma data interessante, com correria e tudo, porque sempre me provoca. Eu gosto do encontro que ela permite, não apenas com os familiares. Amigos que passam por aqui, numa peregrinação em casa de familiares e de outros amigos, são o ponto da minha reflexão.

É que eu andava pela noite, com um grupo de amigos, de casa em casa, mordiscando, bebendo algo, dando satisfações aos familiares, antes de seguirmos adiante em uma noite quase que inteira de movimentação.

Havia, no entanto, aquele momento quando a peregrinação acabava, o violão era sacado, nossa garrafa de vinho barato aberta e dividíamos aquilo que éramos de forma plena e feliz.

Musicalmente belo - tínhamos bons instrumentistas e vocalistas no grupo -, nos permitíamos as piadas mais infames, as perfeitas sacanagens e bullyings marotos - conscientes de ser apenas do momento -, até que chegava o momento da apresentação das verdades ocultas durante todo o ano… noite de paz. O dia seguinte, cada macaco no seu galho, cada menino com sua família.

Um prisma intenso, caleidoscópio emocional. Ontem e hoje, uma revivência similar, em outra ordem, ao receber em minha casa familiares e amigos. Ocupar o lugar do outro da minha adolescência me faz repensar os reflexos permitido sobre uma superfície quase igual.

O que ficou do garoto? O que o papai Noel presenteou? Nomes já não me importam mais. Conceitos, entendimentos, apropriações, sim!

Em um diálogo com meu cunhado, Elias, eu me recordei o motivo de ser tão importante manifestar ou agir em prol das necessidades alheias. Não apenas questão de fé. A manifestação do amor é o que nos leva a um patamar superior.

Alguns amores não vieram e a saudade bateu. Entendi os motivos, mas o coração sofreu. É assim mesmo. A vida tem desses momentos. A perfeição exige. Pensei no Arthurzinho, que está muito próximo de chegar, senti seus chutes na mão, os sonhos do meu sobrinho aguardando a chegada do seu filho eram visíveis.

Quem sou eu para desqualificar a vida? Louvado Seja! Que o tempo dessa vida, que não consegue ser suficiente para se viver uma amizade sequer, seja meu aliado nessa jornada; que eu aprenda a ser sensível aos seus signos, que eu entenda que até mesmo os meus limites (não consegui fazer tudo o que queria) são parte importante desse momento do viver.

Um dia o sino pequenino toca e eu não estarei aqui. Até lá, bem… vou aproveitar o que há para se fazer.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 25 de dezembro de 2014.

* A felicidade nunca é tão plena a ponto de impedir as pequenas tristezas causadas pela incompletude que as chamadas faltas nos trazem. Sensação essa que para mim é muito bem representada no trecho de uma música muito antiga que citei na abertura: Fiquei sozinho somente com memórias. A vida assemelha-se a morte, muito próxima do irreal. Quando tudo que resta é a solidão, nada mais resta para sentir.

Um comentário:

Raphael disse...

Brilhante!