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26 de set. de 2008

Noite de paz

Noite de paz, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 28/09/2008
Noite de paz, criado em em 26/09/2008.


E buscar-me-eis e me achareis,
quando me buscardes de todo o vosso coração.
(Bíblia, Jeremias 29:13)

Como se definiria, nos tempos atuais, a paz?

Creio que no passado talvez dissessem 'Rapaz, isso dá os panos para a manga!'. Hoje, quem sabe, um 'brô, deixa quieto, isso é frenético!'. E eu estou mais para a intersecção entre o que era e o que é. Um pouco passado, é verdade, aos quase 47 e ainda fazendo avaliações quase-previsões sobre um possível futuro bem próximo.

Caminhando por novas realidades que se constróem no dia-a-dia e cuidando não deixar de me expressar em cada ato; buscando atitudes condizentes com um cidadão de um universo ainda tão desconhecido como esse meu eu e, esse tudo a que pertenço, fragmento que sou.

Falando assim, parece-me que fiquei um tanto quanto esotérico. O que chamei de Deus se ampliou tanto, é tão maior que meus conceitos juvenis e tão verdadeiro quanto, em medida tão apaixonante quando me perspassa nos atos que manifestam o amor.

Absurdo para mim é como chamam alguns de mundinho esse espaço tão incrivelmente maravilhoso, a Gaia-Terra, mãe de tantos seres, que expressa imenso amor por todas as suas criaturas, alimentando suas almas, corpos e espírito, nutrindo o campo de possibilidades dos encontros que organiza a vida e permitindo os gestos mais vis, vãos, valendo-se apenas da atitude pedagógica onde o que se faz tem conseqüências.

Agrado-me de ver as crianças paradas, correndo, brincando, rindo, chorando, na verdade de suas expressões. Egoístas, sim, mas também tão generosas. Essa pura expressão de si é algo que me encanta, me faz avaliar as minhas próprias expressões tão impróprias, por vezes.

Chove lá fora e faz frio também. O céu está cinzento e coberto com uma pequena névoa. E eu quero vê-lo belo, como o é. Mas esbarro nos meus preconceitos a respeito: se não está azul e com sol radiante, não é belo.

E me digo, não o é pra quem? Em quantos lugares do mundo não é este o cenário que tantos fazem preces para ter? Não é a sagrada queda de água do céu que virá a alimentar a terra sedenta e os corações dos plantadores e cultivadores? A mesma que vai gerar os oasis das áreas desérticas e ressequidas? E silencio aquela fala anterior e digo Obrigado à esse ser infinito em tudo e em mim.

Ainda gosto muito do olhar adolescente que carrega a chama da vida e faísca com um fogo interior e invade outros olhos como os meus e os incendeia também. Bom ver como a vida os toma por inteiro, como são invencíveis quase imortais. Apaixonados que são, intensivos e completamente irresponsáveis nos seus gestos de amor. Tudo muito lindo, não importa o quanto digam ser perigoso.

Sou fã daqueles jovens adultos que descobrem seu poder de dirigir a própria vida não com a razão castradora da emoção, que apenas forjam uma aliança entre elas de modo a poderem ter os seus bons momentos nas condições mais favoráveis. Principalmente dos que nunca deixaram de lado os seus sonhos e acreditam nas ilusões por puro exercício de vontade de vida para além da vida, que olham para ver o para além das coisas, que captam a essência do momento e sabem que ela pertence àquele momento e não a mais nenhum e, por isso, o eternizam em si mesmos.

Ouço com muito cuidado aqueles senhores e senhoras que cuidam dos netinhos como um presente do universo e se permitem ser permissivos e pervertedores das ordens paternas para proporcionar alguns momentos de pura infantilidade para eles. E olho com atenção os que estão nas praças jogando damas, xadrez, dominós, cartas, mantendo seus relacionamentos em dia, conscientes das capacidades de seus corpos nesse momento e respeitando-as e aos seus limites. E me admiro com aqueles que trazem para o seu lado os mais novos e os colocam em contato com esse mundo maravilhoso e divertido dos jogos e por puro egoísmo, pelo prazer que proporcionam a si mesmos, os deixam ganhar algumas partidas, além daquelas que a sorte do principiante vem ofertar.

Mais ainda, me maravilho com a sabedoria, poder e amor de alguns que são os que fazem da vida um lugar belo para muitos outros; os que se dedicam à tarefa de criar as condições de aprendizado para todos; os educadores da alma que mostram o quão ilimitados somos todos nós e nos incentivam a expressarmos isso nos ultrapassando em todos os momentos; os que vêem o tudo em todos; os que provocam o desejo de liberdade e os vôos de coração, que amam plenamente e, por um algo indescritível que trazem ou construíram dentro de si, se doam à vida.

E, num certo sentido que busco dar a tudo isso, acredito que resumindo esses movimentos-sentimentos na palavra paz eu consigo passar um pouco adiante a força que atravessa o meu momento no instante em que recordo a noite anterior. Certamente, uma noite de paz. E, como me acostumei a dizer, eu Caio na PAz.


Wellington de Oliveira Teixeira, em 26 de setembro de 2008.

* Se eu morresse hoje, iria feliz por ter conseguido escrever esse texto.

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