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6 de fev. de 2018

A razão é obstinada pela continuidade

Obstinação, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 06-02-2018.
Obstinação *, criado em 06-02-2018.

Momentos radicais exigem muito mais que a radicalidade: a calma, a clareza e a estratégia. A vida ganha permanência exatamente pela capacidade da transmutação: contextos diversos, estruturas diversas, via transformação.
(Wellington de Oliveira Teixeira — Ser Pensante by Well)


A energia alimenta o movimento e a mudança. Ela é um elemento transformador que adquire muitas formas, desde o calor que emana da madeira em chamas até a velocidade da água que escorre morro abaixo. Ela pode se transmutar de um tipo em outro. Mas a energia nunca é criada ou destruída. Ela sempre se conserva como um todo.

(Joanne Baker — Conservação de energia, p.8)


A maioria dos mitos adotados pela humanidade tenta reproduzir a noção de para sempre ou de eternidade. Não nos conformamos com as parcialidades, incompletudes e finitude. Mas o infinito nada mais é que uma longa sequência de acontecimentos e das expressividades que estes estimulam nos seres.

Não acredito em vazios: vácuos estão repletos de forças tão minúsculas e invisíveis que escapam à percepção ordinária; certamente, até mesmo daquela capaz de perceber as camadas constituintes da Ordem. Essas Partículas-Nano-Degraus são as peças recambiantes de um lego universal, que se reestruturam em infinitesimais partículas de tempo. A permanência é fruto de uma ilusão da razão, que é obstinada em se adaptar para manter a percepção de substância, constância, continuidade.

Esse conjunto de forças preponderantes da vida são tão maleáveis e recombinantes que podem se tornar absolutamente tudo no esfera da percepção. É bem possível que se escondam em algum recanto bem resguardado da alma em um dia como esse, com um céu silencioso e cinza com tonalidades de chumbo.

Fruto de uma invasão dos recônditos protegidos pela razão ou da atuação de uma força interna de atração inconsciente, não importa. As forças da vida exigem desintegrar absolutamente tudo o que está estabelecido para recompor as partes em um outro formato ou nível: a transformação é o tom maior da natureza.

Reagindo a sua atuação imperiosa, recorremos a uma certa nostalgia – essa sensação de estranhamento que, em alguns, se manifesta como tédio ou irritação e, em outros, como uma saudade ou tristeza. Diante dessas sensações, até mesmo o compositor Renato Russo recorreu ao 'e o que sinto não sei dizer'.

Essa afetação pelo instante de ausência do brilho de vida – da inexistência de um elemento disparador da vontade de ir para a rua e para as pessoas – ocorre em circunstâncias e momentos diferentes para cada um, mas em todos. A situação parece ser uma constante humana, que se constitui com elementos de interposição entre o que, na falta de conceitos mais esclarecedores, denominamos de interior e de exterior ao ser.

Há, porém, um outro paradigma na vida individual: tudo que passa pela vontade consciente abre o campo das opções. O maior deles é o da afetação: é possível escolher como reagir aos estímulos que nos atingem. Tudo que tem a potência de se tornar um bloqueador dos sorrisos do rosto e da alma também pode ser entendido e assimilado como produtor ou estimulador da resiliência, do aprendizado e, finalmente, constituir uma permeabilidade mais elaborada e eficiente para encarar os encontros que, fatalmente, iremos efetuar.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 04 de fevereiro de 2018.

* A energia que capacita outros modos de ser também proporciona o alcançar novos níveis, em espiral ascendente. A força que torna inflexível uma vontade exige acumular o aprendizado de muitas mudanças de táticas. Se o alvo é importante, o processo de transformação que permite alcançá-lo deve ser valorizado na mesma medida: este é o conceito da transmutação aplicado ao corpo e à alma.

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