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12 de jan. de 2017

Confiar desconfiando

Visão, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em  12-01-2017.
Visão *, criado em 12-01-2017.

Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas. Cuidai-vos dos homens.
(Bíblia – Mateus 10:16,17)


[…] até os mais ardorosos defensores do livre mercado — que acreditam que toda e qualquer empresa, desde bancos centrais até empresas de eletricidade e de projetos de estradas, deve ser privatizada — aceitam que ainda precisamos de governos para nos obrigar a respeitar os direitos legais.[…]
Precisamos dos governos para fazer cumprir os contratos entre pessoas e empresas e para estabelecer padrões que os cidadãos devem seguir. As pessoas precisam ter a segurança de que, se possuem determinada coisas, esta não lhes será confiscada arbitrariamente, e que fraudes e furtos não ficarão impunes.
O capitalismo depende muito da confiança.

(Edmund Conway — A confiança e a lei, p.107-108)


Capitalismo selvagem, Comunismo radical e Indiferença social são tristes exemplos de como a dominação extrai a humanidade dos indivíduos e os leva a praticar atos, no mínimo, reprováveis. Confiança não é algo a se determinar, mas a se conquistar, em cada situação: a história nos recorda que pessoas ditas respeitáveis praticam atos abomináveis quando induzidas por fé cega. E fé não está restrita à religião, mas, geralmente, se inicia com o uso e a manipulação dela. Do contrário, na história do mundo não haveria o banho de sangue, as misérias e os abusos diários do poder político, financeiro e religioso.

Isso é algo óbvio, mas, todos os dias deixamos de ver algo que está diante de nós. Nossos olhares são desviados por cortinas de fumaça que nos impõem olhar em outra direção. E tiram tudo de cada um, inclusive a sua própria humanidade. A midiotização é imensamente danosa: ela inventa Salvadores da Pátria que deverão ditar seu voto, seus movimentos e o induz a o que reivindicar ou não. Bombardeados com as 'qualidades de seres superiores' dos estampados nas capas de revistas e telejornais esquecemos a crítica e o contexto em que isto é produzido e os interesses em jogo.

'Paladino da Justiça', 'Caçador de Marajá', 'Somos todos Fulano' já produziu imensos estragos nas consciências e prejuízos para o país. Muitos se arrependeram de, repetidas vezes, ter acreditado nessa falácia, nesse engano. Perceberam que é hora de se posicionar contra essa prática de enganação, só não identificaram como fazê-lo.

Ordenar presume ter qualificação para tal. Obedecer, então, somente após uma avaliação crítica. Não é sensato acatar cegamente ordens de pessoas desqualificadas ocupando posições estratégicas por 'indicação' via uso do poder financeiro e até por ameaças de matança. No mínimo, porque tal fato coloca em escanteio o mais capaz e dá o cargo a quem possui apadrinhamento. Isso vale para tantos exemplos controversos de 'autoridades' que continuam no poder, mesmo quando comprovada a sua corrupção.

Muitas guerras, revoluções, golpes não possuem verdadeira motivação popular. Foram situações forjadas com apoio da mídia. Construídos para dar mais poder a magnatas do armamentismo, da extração de riquezas naturais das áreas conquistadas ou da valorização artificial de moedas (o câmbio e as bolsas de valores são exemplos). Estas e outras formas de totalitarismo são perversas, não importa a justificativa.

Somente desempoderando as autoridades incompetentes, resistindo às perdas de direitos individuais e coletivos, se posicionando e se manifestando abertamente contra seus desmandos e promovendo encontros para discussão com representantes de diversas formas de pensamento teremos condições para produzir uma crítica sólida e eficiente.

Os grandes grupos de interesse sabem disso. E fazem de tudo para que a sua única ação seja a de apertar botões do controle remoto de sua TV, onde aparece 'missionários', 'bispos', 'apóstolos' pedindo para você orar, enquanto instilam o veneno diretamente em sua alma. Você sai pronto para reproduzir seu discurso de forma eficiente. Eles enriquecem, se apoderam de sua vontade política e, como os velhos religiosos políticos que executaram o seu messias, preferem levar adiante a sua dominação: seu único Deus é o Dinheiro.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 05 a 12 de janeiro de 2017.

* Um olho no padre e outro na missa. Orai e vigiai. Simples como uma pomba, prudentes como uma serpente. Há muitas outras expressões que nos advertem quanto a não ser ingênuo e não confiar demasiadamente em ninguém. São os lobos em pele de cordeiros que transformam cordeiros em lobos.
A crítica nos permite a prudência e a esperteza para avaliar as situações. Na falta dela, muitos caem no 'conto do vigário', isto é, um gatuno que ganha a sua atenção e confiança com um assunto simples, enquanto comete o furto sem que você perceba.
Isso não acontece só com ingênuos. Mágicos ou ilusionistas sempre conseguem enganar o público, por mais que prestem atenção ao que fazem. As pessoas sorriem e se maravilham com a façanha. Mas isso só deveria valer para o entretenimento, não é verdade?

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