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18 de jan. de 2017

Sobre Peões e Metamorfos

Peões e Pinos, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em  17-01-2017.
Peões e Pinos *, criado em 17-01-2017.

O conceito de pânico moral permite lidar com processos sociais marcados pelo temor e pela pressão por mudança social. Esse conceito se associa a outros de muitas áreas como desvio, crime, comportamento coletivo, problemas e movimentos sociais, pois permite esclarecer os contornos e as fronteiras morais da sociedade em que ocorrem. Sobretudo, eles demonstram que o grau de dissenso (ou diversidade) que é tolerado socialmente tem limites em constante reavaliação.
(Richard Miskolci — Pânicos Morais e Controle social, p.112)


Peões investem a energia que gera todas as formas de riquezas. A apatia, a ignorância, a covardia e o isolamento deles promove a alienação. Esta permite a menos de 1% da população mundial o direcionamento e a apropriação de todo o capital produzido. Quer rotular? Chame os condutores deste jogo de poder de elite financeira.

Várias pessoas pensam que podem ser apolíticos, ficar em cima do muro. Esta tentativa de ficar a meio termo é algo inerente aos ignorantes, covardes ou aos que não conseguem decifrar as personagens em jogo e acham que tanto faz. A realidade sociopolítica exige uma única escolha. Quem não opta pela participação consciente ou pensa que pode evitá-la, não percebe que optou pela alienação.

Boliche é um esporte ou passatempo onde pessoas de diversas idades se empenham em alcançar a jogada perfeita: derrubar todos os pinos com uma jogada. Mesmo os melhores jogadores, às vezes, deixam um único pino que permanece de pé, quando todos ao redor foram derrubados. Me identifico com ele, em algumas ocasiões. É que, diariamente, o rolo compressor passa pela população dita minoria, exceção ou outro jargão qualquer da segregação.

Algo que descobri ter em comum com os observadores da vida, mas só se tornou evidente nos meus encontros com os desafiadores das ações ditatoriais de rotulação e da opressão: o ativismo é algo inalienável aos seres pensantes.

A midiotização, em curso no mundo, está sendo estabelecida por fundamentalismos orgânicos (uma forma de cooptação social que entrelaça preceitos religiosos com a ira e o rancor acumulados). Nela, indivíduo e cidadania tornam-se raros, ofuscados pela manipulação das massas (pessoas predominante passivas).

De imediato, a incorporação de ideais incompatíveis com sua própria realidade atinge a classe mais carente. Via repetição de discursos prefabricados e amplificados, o objetivo dos encabrestadores é extrair o máximo da classe média, quem alavanca o enriquecimento e empoderamento do topo da pirâmide social.

Bem sucedido no Brasil, o denominado 'efeito Coxinha' produziu uma imensa gama de peões – os que giram alucinadamente sem sair do lugar – e o domínio se alastra. Mesmo os coxinhas 'arrependidos' ou 'desiludidos' não optam por reverterem aquilo que colocaram em curso. Como não fizeram a escolha de entenderem o jogo político, apenas trocaram o objeto de seu rancor e de culpabilização.

Eu, literalmente, ignoro como agir com os que optam pela passividade. Minha atenção sempre é para os que buscam entender e ultrapassar cenários e contextos. Por estes, me empenho para melhorar o discurso científico, mas tornando-o mais palatável aos não acadêmicos: continuo contando historinhas para ilustrar as questões.

Adotei como prática fundamental não determinar caminhos. Quando possível, apontá-los. Cada busca e percurso é individual. Mas descobri que companheirismo alivia os percalços durante as jornadas e, de algum modo, por alguma força de atração, me conectei a alguns guerreiros respeitáveis. Juntos, geramos estímulos coletivos eficientes em impulsionar para o adiante, para o ainda desconhecido, mas já desejado. Quer nos rotular? Chame-nos de Metamorfos, pois nenhuma forma nos restringe.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 17 de janeiro de 2017.

* Cooptação se refere a produzir formas de atração para alcançar seus objetivos, a sedução; na prática escolher (ou unir-se a) alguém visando uma ação conjunta.

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