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17 de out. de 2014

A calma é ilusória

Ilusório, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 17-10-2014
Ilusório*, criado em 17-10-2014.

Cada pessoa, todos os fatos de sua vida ali estão porque você os pôs ali.
O que fazer com eles cabe a você resolver.

(Richar Bach - Ilusões: as aventuras de um messias indeciso, p.116)


Conforme se vive, uma coisa fica clara: momentos de tranquilidade precisam ser bem aproveitados, por serem passageiros e, muitas vezes, breves.

É enganosa a ideia de superfície estável porque se estrutura na ebulição de diversos elementos. Nosso continente, por exemplo, que o interior da terra, onde o magma concentra-se e revolve-se, torna possível. Sua base é caos e o desequilíbrio. Nosso planeta, uma esfera que se sustenta no espaço por forças eletromagnéticas e ainda consegue manter seu manto ou crosta suficientemente aderido para nós vivermos sobre ele.

O conjunto de significantes e significados que permitem a você ser único, também exemplifica a ideia. Durante a vida atribuímos valores às coisas e, a partir delas, determinamos caminhos, disputamos espaços, construímos e defendemos ideias. Num piscar de olhos, porém, por conta de algo inesperado, tudo é ressignificado, redirecionando nossa trajetória. A doença grave ou a morte costumam fazer isso.

Os encontros que fazemos, as trocas que experimentamos, os ideais que adotamos tornam-se as partículas que absorvemos, mesmo quando permanecem ocultas. Depois agrupam-se e formam uma grande paixão, um novo hobby, algo que captura nossa atenção e institui novas práticas no viver.

Eu digo que os pressupostos que construímos - isso mesmo, são apenas construção - e sobre os quais estabelecemos nossa vida e, em casos extremos, abrimos mão dela, carregam essa fragilidade: novos conhecimentos determinam nova rota. Você faz uma descoberta e ri-se: que ignorância a minha!, como não percebi isso antes?

Não se leve a sério demais, nem a vida - ela é apenas um sopro -, por que apenas as conexões valem a pena, mesmo que instáveis. Não desvalorize o momento das coisas pequenas. É ele que permite a produção das grandes.

Conecte-se com o seu dia, vivencie as intensidades que ele promove, estabeleça encontros que o fortaleçam, por mais casual que pareçam (cuidar de uma planta, pegar um animalzinho ou correr com ele, parar para sentir a brisa, mexer o pé na areia…). Tudo o que se é, é isso.

A serenidade é este pequeno refúgio que buscamos no emaranhado dos fios soltos e desencapados que, fortuitamente, geram descargas e choques. E, se nos descuidarmos, descarregam nossa energia vital e tiram o sabor de viver.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 17 de outubro de 2014.

* Que promove uma ilusão, algo que nos engana os sentidos.

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