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6 de mar. de 2018

Mediação e evolução social

Mediação, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 06-03-2018.
Mediação *, criado em 06-03-2018.

Pode parecer piada, mas a física quântica, que estuda o mundo das partículas fundamentais da matéria e da energia, sabe há décadas que, mesmo num espaço essencialmente vazio, partículas 'virtuais' podem aparecer e desaparecer, criando-se e autodestruindo-se espontaneamente, num piscar de olhos. […] Como diz o físico americano Lawrence Krauss, o problema do 'nada' é que ele é bastante instável: parece estar doidinho para se transformar em alguma coisa.

(Reinaldo José Lopes — Deus existe? em Os 11 maiores mistérios do Universo cap.1 p.34)


A seletividade, enquanto capacidade e potência de mediação de encontros, é a prova cabal de uma evolução contínua das interfaces de vida. As capacidades de [des]conexão e [des]apropriação — suas principais características — se distinguem, no universo, por investir na potência de aglutinar novos elementos e de restruturar um ser visando a sua manutenção e o desenvolvimento de novas etapas evolutivas: fatores essenciais à vida.

A arte da combinação é sutil e delicada, exige um esforço cuidadoso na escolha dos elementos que entrarão na composição desejada. Por meio dela – e de um infinito diálogo de suas estruturas com o ambiente interior e exterior – o ser humano se sofistica, exponencialmente.

A biologia nos mostra como os envólucros (as membranas, as peles, etc) se desenvolveram a partir de uma superfície que impedia as trocas com o ambiente. A natureza desenvolveu mecanismos de filtros visando a permeabilidade contínua das superfícies. Um deles, a configuração de encaixe por semelhança de formas e simetrias, se mostrou fatal: vírus e bactérias mimetizaram (simularam, como faz um cameleão) as formas das portas abertas e se proliferaram nas células. Como resultado, pestes dizimaram milhares de seres humanos.

Hora de uma nova estratégia, a seletividade ganha sofisticação. Práticas diferenciadas de encontros e de apropriação de novos conteúdos foram elaboradas: a permeabilidade das superfícies de órgãos, mais atenta, adotou a assimilação em massa de elementos potencializadores e estimuladores das defesas internas.

Da prática dos isolamentos, adotou-se a de apropriação e de combinação com elementos mais diversificados. Habitam o ser humano incontáveis seres vivos em práticas harmônicas de cooperação — antes inimigos, agora associados em um projeto de permanência e expansão cooperativa.

Mais que o poder da força bruta, a capacidade de assimilação de novas potências e sua propagação se definiram como preponderantes à preservação. Discordâncias e dissidências deixaram de ser prioridade ante o visível risco de ostracismo, obsolescência e extinção. A regra da interseção (encontrar elementos de interesse comum) se sobrepôs à de dominação e, com isso, o equilíbrio tornou-se o objetivo principal, mesmo que sempre renegociado, restruturado e reelaborado. Já imaginou essa estratégia alcançando nosso ambiente social?

Wellington de Oliveira Teixeira, em 04 de março de 2018.

* Há infinitas formas de deturpar os interesses e de tornar inimigas pessoas que visam os mesmos objetivos. Essa prática é politicamente estratégica: dividir para conquistar.
A biologia nos ensina que a seletividade deve atuar em seu aspecto de mediação e assimilação potencializadora. Evolução nas condições de vida são geradas apenas quando há a composição de forças. Mesmo quando em um arranjo temporário, é possível trabalhar os pontos de concordância e expandir as potências individuais, um processo que pode ser renovado com outras formas de alianças para novos objetivos.
RELAÇÕES HARMÔNICAS
Mutualismo
indivíduos de duas espécies diferentes fazem uma associação necessária para a sobrevivência: algas e fungos formam os líquens – os fungos abrigam as algas e elas alimentam os fungos.
Protocooperação
indivíduos de espécies diferentes vivendo de modo independente sem prejuízo para ninguém: mamíferos e búfalos são aliviados de seus carrapatos por pássaros, que comem esses parasitas.
Colônias
indivíduos da mesma ou de diferente espécies ligados fisicamente entre si, com divisão de trabalho (caravela), ou não (agrupamento de bactérias).
Comensalismo
indivíduos de espécies diferentes, onde uma se beneficia sem prejudicar ou beneficiar a outra ao se alimentar daquilo que é rejeitado pela outra espécie: o urubu alimenta-se dos restos deixados pelo homem em lixões e aterros.
Inquilinismo
indivíduos de espécies diferentes, apenas uma se beneficia sem prejudicar a outra. O inquilino (espécie beneficiada) obtém abrigo ou ainda suporte no corpo da espécie não beneficiada (hospedeiro): bromélias e orquídeas que se fixam no tronco das árvores.
Sociedade
é um tipo de relação entre indivíduos da mesma espécie, sem união física, porém caracterizada pela divisão de trabalho como nas sociedades das abelhas, das formigas e dos cupins.

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