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17 de mai. de 2017

Solitudes ou Amor de Novo

Solitudes, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 17-05-2017.
Solitudes, criado em 17-05-2017.

Queríamos tanto salvar o outro. Amizade é matéria de salvação.
Mas todos os problemas já tinham sido tocados, todas as possibilidades estudadas. Tínhamos apenas essa coisa que havíamos procurado sedentos até então e enfim encontrado: uma amizade sincera. Único modo, sabíamos, e com que amargor sabíamos, de sair da solidão que um espírito tem no corpo.
(Clarisse Lispector — Felicidade Clandestina, p. 14)


Falar de amores, qualquer um, cansa. E o cansativo é ter que (re)afirmar a sua necessidade para todos, pois muitos ainda acreditam que é uma exclusividade para alguns. Cansativo também é o 'da boca para fora' de uma maioria; mais ainda, os termos de ajustamento impostos para que um amor seja validado como justo ou verdadeiro.

A paciência é uma virtude importante, ouço sempre. Vejo na natureza os micrométricos avanços expansivos que se tornam poderosos elementos: nenhuma selva é em si, teve uma infinidade de pontos semente. Então, eis-me aqui, de novo, outra vez, novamente, como sempre, demonstrando a inviolabilidade do direito ao amor e do amar.

Se colocar no lugar do outro? Desejar o bem para todos? Expressar Deus (ou qualquer nome que seja dado a esta função)? Séculos e séculos vão passando e seres muito iluminados o afirmaram, mas, mesmo pálida sombra que me sinto perto desses pensadores-mobilizadores, insisto em reacender o ensinamento.

Não vou produzir outros, nem mesmo invocar mirabolantes argumentos para dizer o que já está dito de forma explícita e potente: amor é fundamental a todos.

Posso, talvez, produzir um alerta (um pouco grosseiro, presumo): Pare de olhar para o seu umbigo! Seu egocentrismo naturalizado por preconceitos e predeterminações está impedindo criança de ser criança; ultra jovens (quase adolescentes) e adolescentes de aprenderem as diferenciações na expressões do amor (pais e outros parentes, amigos, namoradxs). O pior de tudo é que essa forma aprisionante de ser forma adultos amargos, juízes do mundo, espalhando a sua infelicidade para reduzir o estrago que lhe causa a felicidade alheia.

Permita-se e voluntariamente incentive a vivência do amor em todas as suas formas e expressões. O mundo fica melhor com pessoas felizes ao seu redor (esse egoísmo é excelente, não acha?). Questões parciais precisam ser entendidas como partes componentes do amor, das diferenciações individuais, do processo de amadurecimento pessoal e do estranho e complicado processo dos encontros entre seres distintos desde a alma.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 17 de maio de 2017.

* Solitude, como um modo de privacidade, não refere a solidão. Isolamento e reclusão voluntários fazem parte de muitos processos entendidos como de evolução espiritual: o cultivo do mundo em si, dentro de si mesmo.
Quando produzido por indiferença e segregação, interfere no fluxo emocional de um indivíduo: deseja companhia e é impedido. É a imposição da solidão. Assim, a solitude como mecanismo de fuga é estabelecida por traumas.
Certamente, o mundo das segregações é o maior entrave na possibilidade de cura pelo relacionamento diferenciado com outrem, ao priorizar um conformismo às normas impostas, mesmo que completamente obsoletas, sem sentido ou apenas preconceituosa.

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