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22 de abr. de 2016

Histórias interrompidas

Torturados, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em entre 16 e 22-04-2016
Torturados*, criado entre 16 e 22-04-2016

Corpos distorcidos, desfigurados
ocupam valas, sem cerimônias, largados
irreconhecíveis ou carbonizados;
mentes laceradas, mutiladas,
almas despersonalizadas;
famílias desconfiguradas,
histórias interrompidas e
a sociedade se cala, corrompida.
(Wellington de Oliveira Teixeira — Torturados)


É impossível aceitar a relativização, comparações espúrias: tortura não é batalha, não é combate, não é disputa de projeto, não é ideologia, não é meio mas um fim em sim mesma que satisfaz os que dela se comprazem e não apenas os que a perpetuam.

Talvez seja demasiado humana, o fundo do esgoto da alma que brota, emerge, alcança a superficialidade e os discursos dos que não merecem respeito nem consideração, mas que consciências midiatizadas adotam.

— ainda assim, insisto em provocar-lhes o mínimo de sentimentos, desempedrar seus corações, minimizar sua cauterização, exercer de modo consciente um amor que vê o que os olhos não mais conseguem, a mente declina, a alma afasta. Não busco afirmação no campo moral ou pessoal. Sou movido pela ética da vida: toda e qualquer vida é importante, não apenas aquelas que eu avalio sob qualquer ponto de vista.

O faço por consciência de que sintonizar tal frequência de energia promove o absorver, o contaminar-se e submergir em sua podridão. É preciso resistência à barbárie. Os recursos do conhecimento atual não disponibilizam solução, mas em algum momento o poderá fazê-lo. Sonho com a cura para esses indivíduos cujos transtornos mental, de alma e espírito os impelem a incessantemente atuar ou apresentar suas grotescas ideias como se fossem admissíveis.

Antes que me acusem de passividade ou inatividade perante os descalabros presenciados na Casa (que deveria ser) do Povo, vou lutar com peito aberto contra o produto da degenerescência da alma que ainda acalenta correntes de pensamento — extremismos e fundamentalismos estão varrendo a humanidade, e têm representantes bem claros no país.

Mas é inegável que o golpe já foi perpetrado, a beleza de alma foi corrompida, basta ver a nova geração adotando a apologia da tortura. Espíritos embotados, são frutos das hipocrisias e dos discursos de ódio que penetraram a divisão da alma e do espírito envenenando a fonte da vida.

Em outro momento, isso bastaria para eu baixar os escudos, encostar armas e afirmar 'que recebam a sua recompensa'. Só que isso não é uma luta pessoal, urge me superar. Adoto a via do retiro e do silêncio interior que permite manipular o fluxo que percorre todos os seres. Ao acendê-lo, reaprendo que ele é de vida e não de morte!

Uma decisão soberana finalmente ocorre: avaliar as peças espalhadas e o estrago produzido; afirmar que não é de salvadores de pátria que precisamos, é de uma frente coletiva de sujeitos do próprio processo de vida; visibilizar em conjunto a atuação de uma vontade potente para reencaixá-las.

Não é momento para esmorecer o ânimo (guerreiros não desperdiçam o precioso tempo que possuem). Una-se aos que promovem vida e harmonia, que respeitam as singularidades que fortalecem, combinam e compõem e, por esclarecimento, convença os que lutam pelo contrário.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 22 de abril de 2016.

* Convido todxs a clicar na imagem e observar os detalhes espalhados (há uma versão maior disponibilizada em separado)

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