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11 de out. de 2024

Ares benéficos ao conhecimento

Sem forçar, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 01/02/2022.Sem forçar *, criado em 01/02/2022

Um guerreiro pensa em sua morte quando as coisas se turvam.
[…]
Por que pensar?
Muito simples – disse ele.
Porque a ideia de morte é a única coisa que modera os nossos espíritos.

(Carlos Castanheda — Uma estranha realidade, p.49)


Quase uma década de preocupações, desatinos e muita desinformação foi expandida com a pandemia de Covid-19 e o sofrimento marcou presença em diversos níveis, mas para todos. No mundo onde já se antevia os extremismos polarizantes, na política e na religiosidade midiática fundamentalista, a exclusão ampliou-se como referencial do modo operandis do capitalismo selvagem: ressucitaram os velhos jargões dos preconceituosos e as práticas hipócritas da 'gente de bem' – inclusive seu discruso sobre quem deveria estar exposto ao vírus em nome do capital.

Ataques articulados em instâncias de nível empresarial, político e religioso foram direcionados ao conhecimento científico e a Era das Trevas, recriada, conduziu centenas de milhares ao óbito evitável – o Brasil (e grande parte do mundo), tomado por disseminação de falsidades, em meio a casualidades nefastas e ganância sobreposta à vida – ficou, literalmente, desgovernado.

Não cabe um olhar ingênuo, de acontecimento fortuito, ante uma prática premeditada. Discursos amplificados por meio de softwares de robótica, disseminados em redes sociais e usando agregações de dados por meio de inteligência artificial, reverteram séculos de ensinamentos relativos aos cuidados e à vigilância sanitária. Inseriram no tecido social, especialmente das classes mais desfavorecidas, uma reação negativa às práticas de vacinação. Como resultado, além das variantes e mutações em diversos vírus, as doenças praticamente eliminadas há décadas retornaram.

Mentalidades modeladas a partir de discursos raivosos reacenderam seus sentimentos mais abjetos e os trouxeram à tona da realidade diária, expressos e visibilizados por meio de agressões (em discursos ou fatuais) por todo o país. Simultaneamente à promoção do medo e da insegurança, o armamentismo se tornou 'ordem do dia', ressuscitado por 'viúvas sobreviventes da ditadura do militarismo'. Novamente, assolaram o país com seu desempenho desqualificado, posicionados em funções civis no governo.

À mescla ensandecida de religião fundamentalista e militarização, acrescentaram o orgulho pela própria ignorãncia. De imediato, todos que referenciavam o pensamento crítico se tornaram objeto de ataques em massa nas redes sociais: as 'opiniões' sem embasamento crítico foram adotadas como um referencial tão qualificado e válido quanto o saber universal.

Corporações, visando venda de seus produtos, investiram na falsificação de estudos, na emissão de pareceres desarrazoados – fora dos padrões exigíveis para credibilidadede – por quem não mais desenvolvia pesquisas. Usaram o mote 'liberdade de expressão' para gerar-lhes um embelezamento indevido. Influenciadores de redes sociais, alinhados e escalados para a prática, disseminaram-nos. Com a monetização dos acessos artificiais, ganharam fortunas – a Polícia Federal, hoje, em posse de suas prerrogativas de atuação, está desbaratando as quadrilhas envolvidas.

Ações em nível jurídico minimizaram algumas dessas práticas. Na contramão da onda de desinformação, pensadores e cientistas incentivaram, como algo prioritário, todos com o mínimo de crítica a criar um movimento para desacreditá-los, com provas cabais, perante a população.

Contudo, não somos ingênuos, levará muito tempo para sanar as mazelas geradas em gente comum, sem escolaridade, por pensamentos toscos amplificados e validados artificialmente – especialmente seu efeito viral em jovens em desenvolvimento nas redes sociais.

É necessário contextualizar a situação para obter novas abrangências: durante toda a pandemia, o mundo ficou imerso em virtualidades. Aos poucos, a degeneração do valor individual, face à sensação de pertencimento trazida a quem se sentia isolado, ganhou terreno. E, rapidamente, o uso benéfico do perfil ou avatar (nos contatos interpessoais à distância, nos jogos de fantasia) tornou-se a seara ideal para plantio das sementes do ódio, da desinformação e da disseminação acrítica de conteúdos por meio dos aliciamentos aos agrupamentos de seguidores mantidos com conspirações por quadrilhas ou corporações (de armamentista ao agrotóxico), religiosos e políticos extremistas.

Em pouquíssimo tempo, algo surreal, retornamos à planificação da terra e à razão superficial e razante – em níveis muito inferiores ao senso comum anterior, porque resultado da potente manipulação fundamentalista. Por outro lado, fruto dessa conjuntura – e também do processo de colaboração global na produção de uma vacina contra a Covid-19 –, pensadores e cientistas identificaram o seu isolacionismo academicista como algo de extremo perigo. No presente e para o futuro – me incluo nesse desafio –, há o trabalho incessante de formiguinha visando expandir, de forma democrática e facilitada, seus saberes, seus metodos, suas práticas e descobertas.

Não é mais apenas uma visão pessoal de que a popularização dos saberes científicos será algo benéfico, especialmente para quem experimentou a vivência caótica de um país que se tornou a latrina da América: dos seus esgotos, surgiram os bichos mais escrotos que viviam na surdina, escondidos e ocultos, até que veio o Golpe.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 02 de outubro de 2022 e em 11 de outubro de 2024.

* O saber tem sedução própria (não a subestime!) – disseminar conhecimento não é o mesmo que forçá-lo. É ampliar, ao redor, os ares que lhes sejam benéficos e indicar que é possível incorporá-lo. Porém, diante da morte, com vidas em jogo, não é admissível a opção pela ignorância – esta exceção se estabeleceu durante a Covid-19.
Como Clinton Richard Dawkins (etólogo, biólogo evolutivo e escritor britânico), identifico a mistificação como algo perigosíssimo, desde tempos remotos usado para dominação e controle. A Era das Trevas nos ensinou que, quanto mais fundamentalista é o pensamento, maior o seu poder de sedução em mentes sem conhecimento crítico ou em formação ('cabeças vazias').

2 de out. de 2022

Lógica Ilógica

Juízo, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 03-05-2022
Juízo *, criado em 03-05-2022.

Um dia eu disse infantilmente: eu posso tudo. Era a antevisão de poder um dia me largar e cair em um abandono de qualquer lei. Elástica. A profunda alegria: o êxtase secreto. Sei como inventar um pensamento. Sinto o alvoroço da novidade. Mas bem sei que o que escrevo é apenas um tom.
[…] bicho de cavernas ecoantes que sou, e sufoco porque sou palavra e também o seu eco.

(Clarice Lispecto — Água Viva )


De um tempo para cá, a opinião pessoal infundada ganhou espaço em todos os meios e vem nomeada como pensamento independente e outras expressões para as inexpressivas e inexatas formulações que querem emitir. Ela se distingue ao extremo do rigor no pensamento e da lógica ilógica, que ela exclui desde seu âmago.

O que traz de potência própria é gerar incondicionais: vale o que se quiser dizer sem importar fatos, provas, veracidade. Mas isso não é o non sense stricto, nem um recurso extremo ao sarcasmo. Com o non sense, provocar novas formulações é um método eficaz: o absurdo promove a mobilização da razão, da emoção e do pensamento amplo. Com o sarcasmo, age-se no intuitivo e ensina-se, tanto quanto, a lógica formal, exatamente pelo contraponto.

Enquanto as imagéticas infantis produzem imaginários que dão conta de suas incertezas ou elaboram suas novas apreensões de mundo, esse novo modo de definir conceitos é utilizado apenas como um escudo que evita ver-se em exposição indesejada ao querer dizer algo – a respeito do que quer que seja. Tentei, mas não consigo evitar dizer desse modo: é medo, ignorância e burrice, reunidos.

Quando é possível gerar lógica por meio da ilógica, este pode ser um caminho estrangeiro para a expressividade e é bem vindo – ninguém perde nada ao tentar dar voz a seu raciocínio, por mais pífio ou ensandecido que for, estando disponível às críticas que estimulam a reavaliação, ao exame mais detalhado, a uma ampliação aperfeiçoada daquilo que, inicialmente, se expressou.

Razão não basta, todos concordamos com isso – é como Hidrogênio e Oxigênio que, sozinhos, não geram a água. Mas, ser insuficiente não significa ser dispensável. É na combinação entre si de diversos elementos que são constituídas as coisas, inclusive um pensamento: tem intuição, tem avaliação crítica, tem corência e tem expressividade.

De fato, raros são os que se superpõem a este tipo de processo e conseguem, já de início, apresentar uma forma mais coesa e explícita. Fazemos rascunhos que ocupam o lugar do anterior, durante quase todo o tempo da vida: a repaginação da própria razão.

Em que opinião pessoal difere desse processo ou da lógica ilógica? De imediato, nos últimos, há certeza de que o fato de não se obter uma definição plena não autoriza usar qualquer coisa em seu lugar. As versões seguintes, possivelmente evoluções, são desenvolvimentos dos elementos base, refinados – um processo de ir-se retirando as impurezas, os indevidos, os imprecisos, que tiveram lugar antes. A seguir, dar o polimento com a fluidez e a clareza.

Se usar uma alegoria puder ajudar a compreensão, pense que opinião pessoal é como um movimento cirular repetitivo que pode ser superado por uma espiral ascendente do pensamento usando-se da razão e da lógica ilógica – algo que é da própria natureza da Natureza.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 01 de junho de 2022.

* Juízo é a faculdade de avaliar os seres e as coisas; é o ato ou ação da razão de examinar, avaliar e tirar conclusões, inclusive por comparação entre diferentes modos, situações ou pontos de vista.

21 de mar. de 2021

O jogo das transformações

Leveza, criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 01-01-2021

Leveza *, criado em 01-01-2021

Os homens não gostam de pagar com confiança e amor, e sim com dinheiro e mercadoria. Enganam-se mutuamente e ficam à espera de ser enganados. É preciso aprender a considerar os homens seres fracos, egoístas e covardes, e a ver quão profundamente nós próprios participamos dessas más qualidades e instintos, sem no entanto deixar de crer e de alimentar com essa crença a própria alma; o homem também possui espírito e amor, nele habita algo que se contrapõe aos instintos e anseia por enobrecê-los. Mas tais pensamentos são já muito desconexos e sutis para que Servo os pudesse compreender. Pode-se dizer que ele estava a caminho de encontrá-los, que sua trajetória ia desembocar neles e passar por ele
(Hermann Hesse — O jogo das contas de vidro)


Talvez apenas uma fábula pessoal, a ideia de que há pelo menos um momento da vida, ou uma certa idade, onde negar tudo seja importante ao ponto de reiniciar seus fundamentos, a partir dos acúmulos, mas não mais sob seus efeitos ou controle.

Um ponto de transição como o fundo de um funil, mais para um conta gotas, que vai permitindo, uma a uma, as apostas que fizemos na vida, os objetos de nossa avaliação positiva, aquilo que nos encaminhamos a acreditar, ativa ou passivamente serem filtrados, evaporando todo o resto. Eles são triturados, sacudidos até que na gota residual só reste o seu núcleo, não mais seus elementos coadjuvantes.

Um processo desse porte e nível não aconteceria sem consequências profundas.

Em alguns, pelo pouquíssimo que investiram na vida, mais sequelas e amarguras. Em outros, por alcançarem um ponto de equilíbrio, a transição para uma nova fase da vida com menos condescendências e muito mais propriedade. Raríssimos consequem torná-lo um processo de transmutação e ver um novo ser emergir dele, com seus modos distintos de estar neste mundo e de se conectar a esferas mais amplas da vida.

Sob o ponto de vista de que todos passam por isso como experiências de vidas, surgiram imagens como a yin yang, a transição entre polos diferenciados permitindo absorções parciais até que seja necessário refletir o acúmulo e repetir o processo. Outros, ideários de outras matizes, sugeriram transições entre níveis de percepção que existem no mundo – é preciso saltar e alcançar o próximo. Há também o entendimento de um aprofundar-se em uma caminhada a sua matriz.

Para um pensamento mais factual, menos crédulo e mais crítico, essas lógicas podem até perder a sua essência. Não perdem, certamente, sua indescritível potência como conotação. São uma parábola viva sobre a vida, sobre as transformações, sobre o que se perde, o que se ganha e o que se leva adiante – seja nas transições biopsicológicas, seja naquilo que na falta de palavra melhor denominamos espiritual ou indescritível.

Não há necessidade de que nada disso seja certo, para que haja um quê de veracidade na proposta. Transitamos fazendo contatos que, fundamentalmente, são trocas. Cedemos algo e absorvemos algo. E, quando seguimos, é possível não ser mais como antes.

Há casos críticos, em que o que se absorve penetra e consome o que encontra até que nada reste mais, além do ôco, do nada, o domínio do mesmo, do contínuo e tedioso vazio.

Há outros, onde o que se absorve é similar a uma boa semente que prospera e começa a trazer novidades, após outras anteriores. Mas possuem como limitação a sua própria repetição.

Novamente raríssimos, alguns trazem vontade. Não é nada específico, é como curiosidade, interesses difusos, visões ampliadas. E o que provoca é a busca de novos e distintos encontros. Mesmo que perigosos – todo encontro tem riscos –, por mais ingênuo que um ou outro pareçam ser, são provedores de tudo o que permite a expansão da alma, do conhecimento e da própria vontade.

Nas vivências do cotidiano, colecionamos exemplos de cada, na mesma proporção em que estes acontecem.

Por isso, convivemos com uma maioria incapaz de trazer algo além da mesmice, do tédio. Porta vozes da repetição, reprodutores dos jargões inócuos ou explosivos, que nem mesmo conseguem explicar ou absorver.

Algumas vezes, encontramos um bom diálogo para algumas áreas da vida. São pessoas que investem um pouco de si, mas acreditam-se limitadas e, por conta disso, nunca se encorajam a avançar e descobrir as novidades.

Há, porém, as oportunidades raras na vida de encontrar sujeitos que se opõem plenamente à sujeição. Quando reagem, não o fazem por reação padronizada, são imbuídos de estratégia e de crítica. Atuam não como autômatos, o fazem por uma força vital inquietadora, expansiva e potencializadora. Em seus encontros e trocas têm o dom de receberem o repetido, o oco, e retornarem instigantes propostas de transformação – ideias que estimulam, críticas que contorcem e filtram a mesmice e permitem sair dela apenas o que possui vida –, se adotadas.

A torcida, se é que ela muda algo, é sempre para que aquela minúscula gota de sorte seja a da vez e, sozinha, provoque uma transmutação, algo que vai muito além do mito de casulos e borboletas.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 21 de março de 2021.

* Conceitos como metanoia e metamorfose são sempre indicadores de uma determinada mudança, mas, apesar do otimismo com que são empregados, não carregam, em si, questões qualitativas, apenas processuais.

Aos queridos Luis Cláudio da Rocha Prét e Eric Bragança

18 de ago. de 2019

Indisponibilidade para reivenção

Omissão criado por Wellington de Oliveira Teixeira em 18-11-2018.
Omissão *, criado em 18-11-2018.

Eu te desejo não parar tão cedo, pois toda idade tem prazer e medo.
E com os que erram feio e bastante que você consiga ser tolerante.
Quando você ficar triste, que seja por um dia e não o ano inteiro.
E que você descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero.
Desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda exista amor pra recomeçar.
Eu te desejo muitos amigos, mas que em um você possa confiar.
E que tenha até inimigos pra você não deixar de duvidar.
Eu desejo que você ganhe dinheiro, pois é preciso viver também.
E que você diga a ele, pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem.
Desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda exista amor pra recomeçar.

(Frejat — Amor pra Recomeçar)


Longo tempo sem contato com esse meio de exposição de ideias que, por muito tempo, foi a mais importante ferramenta para expor minha reflexão. Eliminando aqueles períodos em que a indisponibilidade se deu por questões alheias a minha vontade, fiz da pausa um projeto de reinvenção das minhas práticas.

O novo ambiente da casa, as experiências corporais dolorosas (roubo agressivo ou acidentes casuais), o universo político social em que o país se embrenhou refletiram-se em filtragens e em uma guinada consciente nos relacionamentos pessoais, inclusive familiares.

Mais reserva de tempo em silêncio ou produção de novas vias de sintonização com projetos de vida expansivos. Um afastamento proposital do que me causa, inclusive, o asco: pessoas com práticas de vida e visões estreitas que fazem apologia à ignorância e à imbecilização. A faxina nos contatos digitais foi sincronizada com os físicos e foi ampla.

Quem se foi, tornou-se carta fora do baralho, quase certo que sem retorno. A respiração continua entrecortada – de quando em vez, mais um hipócrita de plantão defendendo o indefensável que, há pouco, o fazia espumar de ódio. Certamente mais ácido ou ríspido, em algumas situações. Só aturo o que me é inescapável, senão, distância é a minha satisfação.

Levei ao extremo a avaliação para não usar o processo apenas como eliminação do pensamento divergente, algo mesquinho e inválido para um ser pensante. A linha de corte se deu, então, pela incapacidade de argumentação própria – mesmo que incipiente, fosse verdadeira – e a midiotia, a reprodução acrítica de conteúdos desinformadores.

Me dediquei ao esclarecimento a população e, dessa feita, escolhi o Facebook e seu modo 'Público' como meio de transmissão. Foram centenas de peças, em geral, provocadoramente simples e instigadoras do pensamento crítico reunidas em pequenas séries: o caráter TotalFlex; Laranjismo; Saíram os Tucanos, entraram os papagaios; Menos Médicos, mais mortes; UniZap, a universidade cuja formação cultural só ensina fakenews do WhatsApp; Jogou palavras e se enforcou, referência ao jogo da forca; …

O melhor desse período tão sulfuroso foi acompanhar a gestão e o nascimento do neto João Miguel, meu Pilantrinha, que me deu o 'amor pra recomeçar' e a vontade de me reinserir nesse contexto. Além dele, sei que quanto menos seres pensantes no mundo se expondo, piores as condições de surgimento de melhorias na vida pessoal e coletiva. Enfim, acho que estou retornando.

Wellington de Oliveira Teixeira, em 18 de agosto de 2019.

* Para quem quiser ver a produção citada no texto, o meu perfil está em https://www.facebook.com/wellingtonserpensante